Ninjas Gaiden ETERNAL
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RPG de Naruto 10/10


País das Ondas

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Quando o homem começou a falar, Fubuki entrelaçou os dedos rente a boca e prestou muita atenção. Se eles se mantinham minimamente estáveis vivendo por conta própria no mundo ninja em meio a uma guerra, era graças aos trabalhos que Yurei conseguia para eles. Por outro lado, era ele também o motivo dos maiores gastos do grupo, com seu preço salgado. Mas valia a pena. Cada informação que aquele homem possuía era de extrema importância e, por este motivo, o albino prestava extrema atenção em cada palavra.

Entretanto, uma delas o atingiu direto no estômago; Sunagakure. O rapaz não estava preparado para se imaginar colocando os pés naquela vila mais uma vez, mesmo depois de tantos anos. O mundo ao seu redor se tornou negro e ele sentia frio. Ao fundo, ouvia uma mistura de sons que lhe eram terrivelmente familiares; destruição, pessoas gritando, um rugido bestial e, é claro, o som do gralhar de mil pássaros. Havia sido em Suna que Fubuki auxiliou em uma missão que libertou o Ichibi e destruiu a vila junto da vida de centenas de pessoas. Havia sido em Suna que Shun, um companheiro de longa data, perdeu a vida e a cabeça nas mãos de um dos Espadachins da Névoa. Havia sido a primeira vez que Fubuki executara uma vida, a vida de uma pessoa que costumava ser um companheiro de Konoha. Sentia sua mão direita formigar. Havia causado e vivido tanta desgraça naquela vila que nunca sequer pensou em voltar para lá.

Mas ao mesmo tempo, nunca parou de pensar nas vidas que tirou indiretamente ao ajudar a liberar o Ichibi de Tsuchiya, seu jinchuuriki. Todos os dias, sem exagero, pensava se as pessoas que sobreviveram àquele incidente estavam bem e se iriam sobreviver por muito mais tempo em uma vila arrasada no meio do deserto. E principalmente pensava se havia algo que poderia fazer por elas. O que Yurei estava oferecendo parecia, para Fubuki, uma chance de ajudar o povo da areia. Havia se esquecido do dinheiro, aceitaria aquela empreitada mesmo que sem recompensa financeira. Sabia que não poderia, nunca, pagar por seus pecados. Mas viveria com eles por muito mais tempo se pudesse ajudar de alguma forma.

Sua mente voltou ao lugar e capturou cada detalhe na fala do homem. A requisição vinha direto do próprio daimyõ, aquele em comando do País do Vento. A situação era tensa ao ponto do homem mais importante da nação precisar contratar mercenários para a sobrevivência de seu povo. Kizunagakure estava atormentando suas vidas e sempre fora uma pedra muito grande no sapato dos cinco de Konoha. Trocou um breve olhar com Shiro próximo ao fim da fala de Yurei, sabendo o que se passava na cabeça do Uchiha.

O ataque de pânico de Shiori assustou Fubuki a primeira instância, mas o Hyuuga sabia exatamente como o garoto se sentia. Ele se sentia da mesma forma, mas via naquilo a esperança de ajustar os erros do passado. Estava prestes a se levantar para acompanhar Shiori para fora, quando ouviu a voz firme de Shiro ordenando que Arisu fosse. O Hyuuga abaixou o olhar para o colo mais uma vez. Não queria que o rapaz carregasse a culpa de uma decisão que não havia sido sua. Só estavam obedecendo ordens. O sistema ninja havia feito marcas muito profundas no jovem caolho.

- Kizuna, huh? - comentou brevemente com Shiro após a saída de Yurei, sem tirar os olhos de seu colo. - Por que precisam tanto dos metais preciosos e da zona fértil de Suna se eles próprios já tem bastante disso na antiga Kirigakure? Achei que Kizuna tivesse crescido e se tornado implacável nos últimos anos...

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O Uchiha respirou fundo quando Arisu e Shiori passaram por ele, se retirando do recinto como o ordenado. Seria melhor para o mais novo que ele não ficasse ali; que respirasse ar puro e se acalmasse de forma apropriada, principalmente para não atrapalhar o seu julgamento ou o do irmão mais velho, que agora acumulava ainda mais pressão sob os ombros. Ele sabia que Shiori dava o máximo que podia para resistir, mas havia problemas demais para ele suportar.
O garoto passou a mão por seus fios negros desgrenhado, jogando-os para trás. Não comenta nada diante da surpresa aparente de Yurei, que rapidamente se retificou quando notou o que havia acontecido; já não importava mais tanto assim.

Ele ainda fez um comentário interessante e extremamente pertinente: Um grupo de resistência continuava nos desertos tortuosos de Suna, bem conhecida por Fubuki e Shiori.
É um cerco. — respondeu de forma imediata e firme diante do questionamento de Fubuki, seu maior aliado em estratégia. Assim como os shinobi de Konoha, eles passavam por uma situação similar de abandono e exclusão. Claro, a decisão de um líder raramente era unânime, mas provocar algo assim…

Vão matar o que sobrou de fome. — terminou o raciocínio. O último comentário sobre soava doloroso até pra ele, mas era verdade. Táticas desleais eram muito mais do que comuns, principalmente partindo de alguns indivíduos que Shiro conhecia bem.

Felizmente, conseguia se concentrar muito bem em seus pensamentos.
Tomou um gole da bebida que estava sob a mesa, deixando alguns trocados para pagar a conta; finalmente, se levantou, indo até o lado de fora. Não precisou avisar para seus amigos fazerem o mesmo, já terminaram o que tinham ido fazer ali.
Quando chegou, a primeira coisa que fez foi retirar um cigarro de seu bolso, levando-o até os lábios e o acendendo. Ao terminar, novamente, escondeu as mãos em seu sobretudo e ficou observando Shiori e Arisu. O Uchiha não dizia nada, e respeitava o momento de seu irmão, sabendo que Arisu lidaria com isso melhor do que ele.

Quando a garota fitasse-o, de forma sutil, Shiro sinalizaria à ela, para que continuassem o caminho enquanto estivessem prontos. Precisariam de uma reunião para decidir melhor o que fazer quanto a informação dada — ele, de toda e qualquer forma, não deixaria ela passar em branco.

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Provavelmente nem se quisesse, conseguiria explicar o aperto sufocante que sentia no peito naquele momento. Era como se uma mão estivesse envolta do próprio pescoço e coração, apertando-os com força o suficiente para respirar tornar-se um esforço. Porém, no rosto, a serenidade estava presente. Encarava o rapaz sentado no banco com calmaria e carinho, sabendo que o mais novo precisava muito mais de consolo do que ela jamais precisaria em toda a vida. Apesar de também ter lembranças ruins de Sunagakure, nada se compararia as que Shiori e Fubuki tinham da vila.

Um pequeno sorriso surgiu nos lábios da garota ao prendê-lo a atenção com a proposta de doces. Continuou acariciando-o as mãos delicadamente, ainda abaixada em frente aos joelhos do rapaz. Escutava-o com preocupação: era como se Shiori fosse parte do próprio coração de Arisu, e vê-lo sofrendo daquela forma machucava mais do que uma chuva de kunais jamais poderia. Apesar de tudo, era boa o suficiente em esconder a própria dor e desespero. Inclinou a cabeça.

Você não está sozinho. — Falou com doçura, apertando-o as mãos. Parecia tão pequeno daquela forma. Ouví-lo dizer aquelas palavras fez com que os olhos azuis se marejassem, um nó formando-se na própria garganta — Não diga besteiras, Shiori. Você não é um incômodo e eu me recuso a ouvi-lo dizer este tipo de idiotice. — Falou firme, uma nota de seriedade na voz vista apenas quando o assunto era realmente sério.

Porém, não conseguiu segurar uma pequena risada de escapar-se dos lábios com a confissão de Shiori. Não que achasse graça naquilo ou qualquer coisa, mas achava quase fofo tamanha ingenuidade do rapaz de cabelos escuros. Shiori poderia tornar-se o próprio demônio, e Arisu sabia com cada parte de si que Shiro não se importaria em tornar-se o mal encarnado para proteger e cuidar do irmão mais novo.

Shiro o ama com todo o coração, Shio-chan. — Respondeu com graça, inclinando a cabeça e percebendo com o canto do olho a saída dos companheiros do restaurante. As bochechas se avermelharam violentamente ao falar do Uchiha mais velho, tão logo este saia do restaurante e fazia-a um sinal para que os seguissem. Pigarreou, apertando novamente os dedos de Shiori — É capaz de Shiro destruir o mundo inteiro antes de não suportar mais você, seu bobo. — Garantiu, sem fazer menção de mover-se dali, porém. Esperaria o garoto sentir-se mais confortável.

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A verdade era que Shiori sabia de tudo o que Arisu dizia. Todos se apoiavam há tanto tempo que haviam aprendido a lidar com as peculiaridades de cada um. Entretanto, parecia que quanto mais tempo se passava, mais os seus sentimentos sobre tudo se tornavam mais confusos. Estava cansado de sentir-se daquela forma e agir assim com a sua família; todos eram partes de si e não queria perder isso. Como poderia melhorar a si mesmo?

Respirou fundo, concentrando-se inteiramente em Arisu até se acalmar. Os sentimentos ruins ainda estavam ali, afinal, Sunagakure não desaparecera e logo teriam de discutir sobre, mas já estava bem o suficiente para enfrentar o que viesse pela frente. Apertou de leve a mão da amiga, deixando que um pequeno sorriso, um tanto triste, surgisse em seu rosto. Lhe dizia que já estava melhor, que iria lutar.

Você tem razão, me desculpe por isso, Arisucchi — disse à melhor amiga. Mesmo ainda em conflito, Shiori sentia o seu peito um pouco mais quente após as palavras da Chinoike. Tinha ela e o seu irmão ao seu lado, além de Fubuki e Amane. Todos ocupavam uma grande parte do seu coração; se tinha isso, não precisava se preocupar com mais nada. Assim que os dois levantaram, Shiori a abraçou. — Obrigado por me ajudar nesses momentos. É muito importante pra mim.

Ao final, se reuniram novamente com o grupo. Mesmo que já estivesse bem, ainda não conseguiu olhar para Shiro, mantendo-se cabisbaixo. Estava envergonhado pelo surto, principalmente porque estavam se tornando cada vez mais constantes. Tinha medo de, em algum momento, atrapalhar os seus companheiros e tinha quase certeza de que seu irmão pensava na possibilidade. De qualquer forma, precisava se manter firme para as provações que viriam em seguida.

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Após a saída de Yurei, Amane parou por um momento, os olhos avermelhados estavam focados na garrafa de saquê à sua frente, se lembrava do pouco que sabia sobre a missão que Shiori e Fubuki estavam presentes, e que mexia principalmente com o mais novo, eram feridas que nem mesmo eles ousavam tocar, profundas o suficiente para fazer qualquer um ter um ataque de pânico. Isso era uma das consequências da guerra.

Em uma guerra os mais fortes buscavam vantagem sobre os mais fracos e oprimidos, iriam fazer de tudo para enfraquecerem suas forças ao máximo e não se darem o trabalho de entrarem em combate, pois estariam sem recursos como alimentos e morreriam de fome, perderiam dinheiro recrutando mercenários que poderiam ser recomprados por um valor maior, tirariam qualquer acesso à outros bens e no fim deixaria-os sem nada, para que pudessem ter o foco total para com os grandes, com aqueles que realmente eram dignos de atenção. A albina nada disse, retirou o dinheiro suficiente para pagar a sua parte, pegou a garrafa e saiu junto dos demais.

De início não disse nada, estava sob os cuidados de Arisu, não era necessário uma intervenção sua, mas aguardou a dupla para que seguissem juntos. Entregou a garrafa para Shiori, não podia deixar que aquelas informações acabassem com a noite.

— É toda sua! Se ficar bêbado a Arisu-chan cuida de você depois...Se ela ficar bêbada também eu não garanto nada! — Seu tom divertido demonstrava preocupação pelo mais novo, sendo a mais velha junto de Arisu, era obrigação dela saber o bem-estar de todos.

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- Ah, sim...- já esperava pela resposta imediata de Shiro. O Uchiha tinha conhecimento de táticas de guerra tão terríveis, coisa que Fubuki jamais teve estômago para estudar. Os olhos que encaravam o homem de vestes negras de relance tornaram à xícara rapidamente, que foi levada até sua boca. Entretanto, estava vazia. Já havia bebido todo o chá no recipiente. - Ah...

Um cerco... se as pessoas de Suna estavam sendo submetidos àquele tipo de tortura, eles precisavam agir rápido. Era bom saber que havia um grupo de resistência que ainda lutava para manter os cidadãos vivos. Eles precisavam de gente assim principalmente depois do que ele fizera. O rapaz foi o último a se levantar, reunindo todo o dinheiro deixado em sua mesa pelos colegas e levando ao caixa, agradecendo-o calorosamente. Ao sair do restaurante, seus olhos imediatamente procuraram os de Shiori. Queria falar com o amigo. Ao vê-lo cercado por Amane e Arisu, desistiu da ideia. Confiava em todos ali, eram sua família. Sabiam de seus segredos mais profundos, como a existência de Atsuya em sua mente. Mas aquele assunto... era algo que somente o Uchiha e o Hyuuga compartilhavam. Naquele sentido, Fubuki era quem mais se aproximava de compreender o que o rapaz sentia, mas ainda assim, era incapaz de fazê-lo em sua exatidão. Se contentou em passar aquilo com uma troca de olhar. Ele definitivamente não estava sozinho ali.

O grisalho cobriu sua boca com o cachecol que deixara de ser branco como a neve há anos. Estava sempre com a veste de sua mãe, ao ponto de nem mesmo perceber que o vestira. Era automático. Escondeu suas mãos dentro da manga oposta de seu quimono e começou a andar junto ao grupo sem uma direção definida.

- Temos que agir rápido.- falou para ninguém em específico, ainda com a boca escondida pelo cachecol. Sabia que discutiriam os pontos mais importantes em um lugar mais particular, mas sua ansiedade falava alto. Não podia deixar que aquilo continuasse a acontecer.

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Enquanto o grupo caminhava e tentava, de alguma forma, aliviar a tensão que subitamente, Shiro ficou calado assim como seu companheiro Hyuuga. Sua mente não parava de pensar direito na situação, buscando ver a magnitude daquilo por completo; talvez, nem ele tivesse noção o que acabou de ver. Em muitos anos, não tinham lidado com algo tão sensível assim. Um Daimyo… um povo perdido…
Não havia nenhum messias ali, e Shiro, certamente, estava longe de ser. Apesar de tentar se apegar ao mínimo com esse tipo de ideal, ele tinha certeza que os grãos de areia daquela longínqua e remota vila guardavam segredos muito mais do que íntimos para muito de seus amigos. Queria ao máximo que estes tivessem sido soterrados, mas reverberam até hoje nas ações dos shinobi. Não havia como fugir do fato de que, sim, tinham algumas contas para acertar.

Após certo tempo de caminhada, o grupo estava fora dos limites da pequena vila. Adentravam, novamente, em um território quase nostálgico graças ao verde, afastados de qualquer olhar curioso. O Uchiha, até então considerado o “líder” do grupo, ou algo do gênero, cessou os seus passos. As pálpebras do homem fecharam-se, e ele se permitiu sentir o ambiente, ainda sem proferir uma sequer palavra.
Por mais que não conseguisse ouvir nada há muito, era como se o sopro da natureza alcançasse seus ossos.

Quando o Uchiha abriu os olhos, novamente, as orbes negras foram tomadas pela cor escarlate de seu dojutsu, ativando-o mais ma vez. — Não há ninguém por perto. — direcionou-se à todos enquanto, de fato, permaneceu estático o mesmo lugar.  
Com isso, ele obviamente quis dizer que iam começar a conversar ali. Não mais esperariam até encontrarem-se no esconderijo… Talvez não tivessem todo esse tempo à disposição.

Cruzou seus braços frente ao torso, como de costume, segurando o próprio torso. Parecia pensar muito antes de falar, e é o que devia fazer, ante à situação extremamente sensível da qual se encontravam.
Primeiro e mais importante… Essa não é uma reunião para decidirmos se vamos ou não. Eu já me decidi que eu vou emprestar minhas forças para o Senhor Feudal do País do Vento. Mas não posso falar por vocês.

Não foi uma decisão tomada com facilidade. Se meter em uma briga extremamente sensível era algo arriscado, mas Shiro, dentre todos, sabia muito bem onde estar. — Suna no momento é a perfeita encarnação de tudo aquilo que repudiamos da guerra. Ela, como disse o nosso informante, está formalmente retirada de combate e derrotada; mas segue sendo castigada pelos anseios e caprichos daqueles que tem poder. Eu digo que não. Não posso ignorar isso, nem a oportunidade que surge em completar a missão dada por um Senhor Feudal em pessoa. — tomou algum fôlego, aproveitando para reorganizar suas palavras novamente. O dragão rei, como sempre em um tom imperante, mostrava que estava mais do que certo naquilo que dizia.

Eu também não sou tolo o suficiente para pedir que ignorem a história que temos com Suna e sigam em frente como se não fosse nada. Eu sei que é difícil, e que reviver tudo aquilo pode ser demais. Por isso, para aqueles que não quiserem me acompanhar, eu digo; voltem para o esconderijo e o protejam até o nosso retorno. Não há problema algum nisso, e eu entendo perfeitamente. — Shiro passava os olhos por cada um. Ele não estava sendo específico quanto à seu irmão. No momento, falava para o grupo por inteiro, somente.

Pretendo mandar um aviso para o daimyo ainda hoje aceitando a missão, por isso, preciso saber com quem posso contar no País do Vento. Isso é tudo.
Suna poderia, sim, ser a oportunidade de ouro que precisavam para voltarem ao jogo. Não estava agindo puramente por interesse em ajudar; justamente por isso, havia ainda mais obstinação de sua parte em ir.

Era o começo de sua revolução.

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O jovem Uchiha acompanhou o grupo em silêncio, mantendo-se resguardado em seus próprios pensamentos sobre o que deveria fazer. Doía tanto, mas tanto, tem que relembrar de tudo o que houve no deserto. Não apenas o remorso pelo que fizera, mas também o ódio lhe consumia. Graças àquela mulher, perdera o seu olho esquerdo. Shiori a faria pagar, mas com a vida. Poderia ser hipócrita de sua parte, após causar tantas mortes, mas sabia que o Cavaleiro do Morte era ainda mais perigoso. Ela matava para se divertir, enquanto Shiori o fazia para sobreviver. Sabia que não era melhor do que ela, mas se esforçava para acreditar nas próprias convicções; garantira ao seu irmão que não deixaria ninguém tirar a sua liberdade.

Quando Shiro parou, Shiori fez o mesmo. Ainda tinha a garrafa de saquê em mãos, mas apesar de ter agradecido Amane, não conseguiu beber nem um gole. Precisava enfrentar aquela situação com a mente limpa, mesmo que o seu coração não estivesse da mesma forma. Os ouvidos eram todos do seu irmão, ouvindo atentamente cada palavra dele. Sabia que Shiro aceitaria aquela missão, independente da situação. Era a grande oportunidade que precisavam para alavancar os seus objetivos; queriam, enfim, lutar pelo povo oprimido pelas grandes nações.

Mesmo que Shiro fosse considerado o líder e sempre os comandasse, ele ainda não os obrigava a nada. Tinha a consciência do quanto os eventos em Sunagakure foram traumatizantes. Em Shiori, as marcas das próprias atrocidades cometidas àquele povo eram profundas demais e provavelmente jamais se curariam. Tinha medo de pisar na antiga Vila da Areia e, enfim, quebrar. Não sabia se aguentaria, mas talvez fugir seja ainda pior. Nada do que fizesse acalmaria por completo seu coração, afinal, nada poderia ser tão valioso quanto às vidas inocentes perdidas, mas ainda tinha uma chance de fazer algo por aquele povo sofrido. Tinha poder em suas mãos e queria usá-lo por quem realmente necessitava dele.

Eu sei que posso me arrepender e tenho medo de apenas ser mais um estorvo, mas eu não quero ficar para trás — começou a falar, apesar de incerto sobre as suas palavras. Sua convicção vacilava. Queria negar o que dizia, fugir e fingir que Sunagakure fora apenas um pesadelo, que todas aquelas pessoas sacrificadas sem motivo ainda estavam vivas. — Quero fazer a coisa certa pelo menos uma vez na minha vida, e dessa vez, vindo de mim mesmo.

Relembrar-se de Sunagakure fazia todos aqueles sentimentos ruins retornarem. O remorso pelas pessoas que perderam as vilas pelos seus atos. O medo de ser culpado por elas. A raiva que sentia de si mesmo por ser tão fraco e não conseguir enfrentar os próprios demônios. Estava cansado de sofrer, cansado de ser assim. Cansado de ser aquele ser humano desprezível que destruía tudo o que tocava. Seu inimigo, naquele momento, não era mais os países vizinhos, mas o próprio Uchiha Shiori. Teria de enfrentar a si mesmo se quisesse mudar. Sua luta começaria no País do Vento.

Eu vou com você, onii-sama — afirmou. Logo depois, um dos seus corvos, que patrulhavam os céus continuamente, desceu até o seu ombro. O animal esfregou a cabeça carinhosamente na bochecha de Shiori, aguardando a sua próxima missão. Até mesmo suas queridas aves estavam ansiosas para partir.

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Apesar de Shiori não ter bebido nada da garrafa que havia lhe dado, Amane ainda mantinha o sorriso em seu rosto, mesmo que por dentro estivesse preocupada com ele e as informações dadas. Prosseguia com todos pensando no que havia escutado a pouco, com a experiência que teve no País do vento, três anos atrás, já teve uma noção da situação que o país estava tendo naquele momento. Foi lá que descobriram sobre as pesquisas que Nishiki realizava, que Jin era um traidor, que seus amigos e ela mesma quase morreram na tentativa de saírem do país, que por sorte conseguiram, e que haviam perdido Shun e Ame. Essa havia sido uma perda muito profunda para o grupo na época, mas sabia que nenhum sacrifício era em vão.

O país do vento precisava de ajuda, e Amane não poderia ignorar, ajudar os oprimidos era a ideologia, não poderiam abandonar agora aquilo que lutam, mesmo que uma vez estiveram do lado errado da história, conseguir aliados e ajudar os que precisam era algo que eles vinham fazendo a um tempo, mesmo que fosse doloroso, Amane estava disposta a seguir com aquilo.

— Eu também vou! — a albina se pronunciava pouco depois de Shiori.

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Por alguns instantes, deixou-se afundar no abraço do mais novo e em todos os sentimentos que ele a causava. Tinha o cheiro de casa, de alguma flor em particular e uma nota peculiar de ferrugem. Ainda assim, era um cheiro e um gesto que trazia por alguns segundos paz ao coração sempre tão apertado e preocupado de Arisu. Não tardou porém para que ambos começassem a caminhar em direção ao grupo, juntando-se aos demais em pouco tempo e por fim, aquele momento bom que estavam tendo realmente e sem nenhuma esperança, fora por água à baixo.

E, apesar de caminhar próxima ao Uchiha mais novo e a Narukami de cabelos brancos, os olhos estavam grudados em alguém específico. Corriam pelas costas de Shiro, querendo entender de qualquer forma o que se passava na cabeça do líder entre eles. Vez ou outra o lábio inferior era preso entre os dentes, e o polegar era mordido com um pouco mais de força do que realmente precisava, e sinceramente, a atenção de Arisu estava em qualquer coisa, menos na estrada e sua movimentação.

O que foi uma decisão ruim, visto que quase trombara nas costas do Uchiha mais velho quando este parou. Por sorte, todos estavam cabisbaixos demais para perceberem, e por isso, afastou-se rapidamente, dessa vez ainda mais tensa. Tinha coisas demais na mente e sabia que aquele era o momento de falar sobre a informação passada por Yurei. Sentia os sintomas de uma nova crise de ansiedade se fazendo presentes no próprio corpo, e tentou disfarçar. Respirou fundo, ouvindo as respostas dos demais. Os ombros caíram, a mão suavemente trêmula encostando-se na testa a fim de esconder os olhos.

Eu também vou. — Falou firmemente por fim. Afinal, para onde qualquer um deles fosse, Arisu se desdobrava em duas para seguí-los. A agonia sempre que algum deles deixava o esconderijo sem a presença da ninja médica para curá-los caso algo acontecesse fazia com que ficasse agitada.

Mesmo que no final das contas, o ato de praticar iryo-ninjutsus ultimamente trouxesse tanta dor quanto vê-los partir.

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