Ninjas Gaiden ETERNAL
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RPG de Naruto 10/10


País das Ondas

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O País das Ondas (波の国, Nami no Kuni) é uma nação localizada em uma ilha perto do País do Fogo, e ele não tem uma vila ninja, confiando em buscar de assistência de outras vilas ninja, como Konohagakure. Atualmente, com a guerra, este país está sob o controle de Kirigakure. O País das Ondas tem muitos rios passando por ele e é famoso por seus mangues, que são preenchidos com todos os tipos de formas de vida. Apesar de uma ilha isolada, contando com o transporte para o comércio, era próspero. Entretanto, após a guerra, a economia do país tem caído constantemente; sem a ajuda da próspera Konohagakure, o País das Ondas sofre sem o apoio do País da Água, principalmente graças à negligência quanto à intensa quantidade de criminosos que invadiram o pequeno país.

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Desde o primeiro momento que o Sharingan de Shiro vislumbrou Gouki, ele sabia — aquilo terminaria em fogo. Ele estava vivo pra matá-lo.
Não graças à típica memória fotográfica, conseguia se lembrar dos mais profundos detalhes daquele dia sombrio. A carne lentamente se reduzia a cinzas, conforme o abraço das chamas a destruía. A madeira da pira, incandescente, era até mesmo uma bela visão; a mais transitória das belezas, suas brasas cintilantes dançavam no ar como vagalumes, antes de esfriarem e tornarem-se míseras cinzas. Talvez aquele fosse um fim belo até demais para ele, mas não havia melhor.
Não havia arma mais forte do que a chama. Ela não tem cultura, nem anseios morais, mas consome o que quer de forma definitiva. Nada apagava tão bem o passado, e era isso que ele queria. Reduzí-lo ao nada, sem resgate, nem retorno. Sob a decisão do Uchiha, aquilo tinha terminado em fogo.

Destruir tamanha preciosidade era de uma imensa audácia, e certamente, incomodaria mais pessoas do que seria capaz de contar. O Rinnegan, mais prestigiado do que os outros grande dojutsu, se perdendo; voltando ao status "lenda". Era bom que permanecesse assim, um mito.
E é claro que seu ato foi contestado, mas contra-argumentar quanto a necessidade de destruí-lo era impossível. "Essa decisão não era sua" — era o que espraguejavam bocas como a do atual líder do clã, Uchiha Taichi. Ainda assim, Shiro tinha sido o único a ficar aleijado na tentativa de defender o legado de sua mãe, e mais ninguém. Tinham sido, desde o começo, incapazes de defender os segredos que jamais deveriam ser mostrados ao mundo dessa forma, inclusive o próprio Shiro. E se não eram capazes de tomar escolhas difíceis, ele era um mestre nisso; essa decisão era sua, e optou por deixar o Rinnegan se perder.

Suas previsões e dúvidas sobre a moralidade dos outros se fizeram certas quando foi traído. Ele — um dos membros mais eficientes e leais da ANBU, cujo, certamente, a vontade de fogo sempre ardeu latente, foi traído. Taxado como um criminoso, e obrigado a se ver contra o que sempre defendeu e amou. Tudo isso por não condizer aos interesses sujos de quem estava no comando.
Agora, vivia sempre em dúvida. Dividido entre deixar o fogo de sua vontade o queimar, ou queimar tudo ao redor.

"O poder, meu filho, é muito perigoso…" — lembrava-se da voz de seu pai, que tanto temia em esquecer. Ele ainda era pequeno, mas recebeu conselhos valiosos que guardaria consigo sempre, como um dos poucos sons que plenamente se lembrava. — ... ele atrai o pior, e corrompe o melhor."

O pior…
A água gélida deslizou suave por entre os dedos da mão pálida. O gotejar fazia com que a sua própria reflexão ficasse trêmula, em ondulações que ele mesmo vislumbrava, agachado. Despertou com o reflexo de seus próprios olhos sanguíneos, como se ele mesmo tivesse o tirado de um genjutsu.
"Não é hora de ficar imerso em devaneios", pensou, ao se levantar.

Em meio a relva úmida pelo clima típico do País das Ondas, Shiro se dispôs próximo à um rio. Esse era um dos poucos momentos que o homem, abaixo daquela máscara de kitsune, se permitia refletir e descansar um pouco; porém, sempre acabava no mesmo lugar. Suas preocupações venciam qualquer anseio.
Passou as mãos pelo tecido pesado de seu sobretudo, que ostentava uma gola de pele que mais se assemelhara a um tipo de juba majestosa. Estava completamente trajado, apesar de não ostentar,nem suas costas, a típica Gunbai que havia tornado-se quase sua assinatura; de toda forma, estava em um território seguro, e ninguém se aproximaria dele sem que soubesse.

Se voltou, então, para a floresta verdejante que estava próxima, caminhando em sua direção. Era impossível não comparar suas árvores com às de Konoha… eram gigantes, inalcançáveis, como lanças que atingiam o céu. Incomparáveis. Seu lar.
Ele tomaria sua casa de volta. Era só questão de tempo… e estava cada vez mais próximo de executar suas ambições.

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Às vezes, quando Shiori fechava os olhos, ele se lembrava de estar naquele lugar de novo. Era completamente vazio e escuro. Não sentia dor, sede ou fome. Seu corpo físico não existia mais, apenas a sua mente vagava pelo infinito vácuo. O desespero tomava conta de si; o que aconteceu? Onde estava? O que houve com seus companheiros? Queria sair dali, voltar para casa. Não queria ficar sozinho, não queria ser abandonado, não queria ser esquecido. Por que estava ali? Era a sua punição por todos os crimes que cometera nos últimos anos? Uchiha Shiori estava completamente perdido e sem qualquer possibilidade de salvação.

Quando abriu os olhos, viu-se novamente em meio à floresta, o que o acalmou por um momento. Apesar de já terem se passado três anos, aquela estranha experiência ainda lhe assombrava. De acordo com Arisu, Shiori havia passado uma semana inteira morto, devido a ter a sua alma absorvida pelo Caminho Humano de Gouki. Apesar disso, o Uchiha mais novo ainda não achava que aquilo fosse o pós-vida. Acreditava que, para seres humanos desprezíveis como ele mesmo, o Mundo dos Asura, os esperava; era o plano do pós-vida onde todos as pessoas lutavam pela eternidade, revivendo a cada vez que eram mortos, apenas para continuar guerreando e derramando sangue em um embate sem fiz. Porém, Shiori não podia morrer tão cedo. Não que tivesse algum sonho que quisesse realizar. Há muito tempo seus desejos para o futuro eram nublados. Pelas vidas que tirou, pelos seus amigos e, principalmente, pelo seu irmão. Não podia, de forma alguma, deixar Shiro sozinho. Ele já carregava fardos demais, demônios demais. Não podia deixar de viver, precisava ficar ao lado do seu irmão até o fim.

"Onii-sama isso, onii-sama aquilo! Que irritaaaaante!"

Dessa vez, quando fechou os olhos, Shipri estava em um espaço diferente. Era um quarto quase inteiramente vazio, com o piso coberto com tatame. Penduradas nas paredes, estavam várias espadas, algumas de bambu e outras de verdade, além de shuriken e outras armas ninja. Sentado à sua frente, tinha um rapaz que idêntico a si; mas apenas na aparência, porque na verdade, por baixo daquele disfarce, estava o demônio que o atormentava há anos.

O que você quer, Kagutsuchi? — perguntou Shiori, sem muita paciência.

"Eu só queria conversar um pouco, é tão chato aqui" respondeu, se aproximando e envolvendo os ombros do Uchiha com os braços esguios. "Eu estou com fome. Você sabe do que preciso. Abra o seu coração para mim, me deixe entrar só um pouquinho, e vou te mostrar algo que nunca esquecerá"

Como a morte da minha família pelas minhas próprias mãos? Tenho certeza que seria algo memorável — sugeriu, sem olhar para o demônio. Apesar disso, pôde ouvi-lo lambendo os lábios.

"Você sabe exatamente do que eu gosto" ele riu baixo, mas realmente satisfeito. "Você sabe exatamente do que eu gosto. É quase um demônio como eu."

Apesar do comentário, aquilo não abalou Shiori. Kagutsuchi não estava dizendo nenhuma inverdade. O incomodava, mas deixara de se importar. Se fosse necessário, não deixaria que aquele demônio o possuísse. Shiori finalmente voltou o olhar para Kagutsuchi. A íris, que antes era inteiramente negra, agora era decorada com o padrão que parecia uma estrela de cinco pontas, com as extremidades torcidas. Era o Mangekyo Sharingan.

Eu já sou um demônio. Não preciso que faça nada por mim — disse, um pouco mais sombrio do que de costume, o que pareceu chatear Kagutsuchi, se é que ele tinha sentimentos para ficar assim. — Vamos comer. Também estou com fome.


A barriga roncando foi o primeiro som que ouviu quando retornou para a densa e úmida floresta no País das Ondas. Apesar de ter comida guardada em seus pertences, aquela fome era diferente; tinha fome de sangue. Quando Shiori realizou o contrato com Kagutsuchi, cerca de seis anos atrás, se ficava tempo demais sem alimentar a espada com sangue, o Uchiha era afligido por uma fome incontrolável. Quando isso acontecia, não importava o quanto comesse, apenas se saciava com sangue de seres vivos. E era exatamente por isso que havia se separado dos seus amigos. Era vergonhoso ter que sucumbir aos desejos daquele demônio, mas havia feito a sua escolha. Para proteger quem era importante, Shiori precisava de poder, mesmo que viesse em troca da própria sanidade.

Melhor não perder mais tempo aqui.

Andando pela floresta, Shiori não demorou muito tempo para encontrar os seus alvos. Eram lobos, uma alcateia inteira. Assim que o Uchiha, despreocupado, se aproximou dos animais, os enormes canídeos o cercaram, rosnando raivosamente e mostrando as presas. A verdade era que Shiori odiava cães. Desde que enfrentara I.N.U, um ninja de Iwagakure que utilizava Ninkens e uma invocação que era um cachorro gigantesco com várias cabeças, Shiori passara a repudiar aqueles animais asquerosos. E era por isso que aqueles eram o lanche perfeito. Em poucos segundos, Shiori estava em pé sobre um monte de cadáveres de lobos, mas apesar de recém mortos, todas as carcaças estavam secas. Após matá-los, para aliementar a espada, deixava-a absorver todo o sangue de seu alvo para abastecer-se.

"Sangue de cachorro não é bom" ouviua reclamação do demônio na sua mente.

Eu sei. É nojento — concordou antes de chutar a carcaça vazia de um dos lobos e voltar a caminhar pela floresta.

Depois de algum tempo de caminhada, e utilizando do Sharingan para guiar-se, finalmente encontrou Shiro próximo de um riacho. Seu irmão parecia sombrio e inabalável como sempre, como um verdadeiro general. Apesar de saber que era desnecessário, Shiori não conseguia deixar de chamá-lo de forma respeitosa. Sempre fora assim com os seus familiares mais velhos e talvez não conseguisse mudar tão cedo.

Onii-sama, estou pronto — disse, se certificando de que estava no campo de visão do seu irmão para que ele pudesse lê-lo.

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Seus pés não levaram-o para tão longe de onde estava. Após alguns passos, ele parou, novamente, após ver o seu irmão mais novo se aproximando.
Shiro se lembrava perfeitamente de como tinha sido ao pensar que Shiori tinha morrido… Definitivamente. Foi uma longa semana, de acontecimentos cruciais, os quais levaram-o para onde estava. De toda forma, ao menos, tinha seu irmão de volta.

Só que…

Seus olhos desceram até a altura da cintura, vislumbrando o cabo da espada assinatura de Shiori — eles eram como carne e ossos. Era difícil vê-lo sem estar portando aquela coisa, e sinceramente, a única vez em que ficou ele estava morto. E isso vinha cada vez mais incomodando o mais velho.
A presença daquela espada era estranha. Torpe. Mas era somente uma espada, sem braços, pernas, boca. Shiro não entendia como ela podia penetrar tão fundo em Shiori, mais do que ele fazia com o fio de sua lâmina.

Os dedos pálidos subiram em direção a máscara de raposa, tirando-a de seu rosto; por agora, não havia motivos em usá-la. Ostentava a típica expressão soturna em seu rosto, marcado, mas era nítido o fato de ter observado a espada. Não que ele pretendesse esconder.
Você usou essa espada? — foi a primeira coisa que falou para o seu irmão. Sem comentários sobre nada, nem os honoróficos, os quais eram ligeiramente incômodos mas Shiori costumava usar de forma até inconsciente.


Por quê?

Antes mesmo do garoto responder, Shiro já sabia da resposta. Seu Sharingan traçava observações minuciosas; ele entendia tudo para além dos lábios, e era extremamente experiente nisso. Sabia que seu irmão nem mesmo teria a intenção de mentir, porém, já sabia da verdade de qualquer jeito.
E estava incomodado.


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Às vezes Shiori parecia tradicional demais. Raramente se dirigia a alguém sem algum honorífico, mesmo que fosse alguém muito próximo, e tinha um apreço especial por roupas tradicionais, como o yukata que estava vestindo, apesar de coberto por um sobretudo. Mesmo assim, Kagutsuchi era visível em sua cintura; em momento algum Shiori a deixava longe da sua visão. Tinha medo do que o demônio pudesse fazer a qualquer um que a tocasse. Naqueles anos o alimentando, inconscientemente o havia tornado forte o bastante para fazer isso.

O Uchiha retesou-se por inteiro assim que seu irmão fitou a espada em sua cintura e logo fez a pergunta. Pela sua expressão e tom de vez, parecia uma pergunta normal, apenas por curiosidade. Pelo menos era o que qualquer outra pessoa pensaria. Porém, Shiori sentia o peso daquela indagação. Há certo tempo, Shiro e os seus amigos descobriram enfim a verdade sobre Kagutsuchi, após tanto tempo desconfiando sobre a estranha espada. Foi doloroso ter que admitir que fizera um contrato em troca de poder, mas já não tinha volta. Estava atado a aquele demônio até a morte.

Apesar de ser doloroso ter que responder àquela pergunta, Shiori não queria mentir. Confiava a própria vida ao seu irmão e não queria, em momento algum, mentir ou omitir qualquer coisa a ele. O único olho negro voltou-se para o chão, pensando cuidadosamente no que responderia. Sabia o quanto aquela arma incomodava Shiro, mas o que poderia fazer agora? Ele certamente tinha razão; Shiori havia mudado muito a sua personalidade desde o momento que passou a carregá-la, mas não arrependia-se nem um pouco de muitos dos momentos que passara nos últimos anos. De certa forma, Shiori e Kagutsuchi haviam se tornado um.

Eu estava com fome — disse, tentando soar o mais neutro possível, apesar de estar evidentemente envergonhado. De qualquer outro ponto de vista, estava sendo fraco por sucumbir aos desejos do demônio, mas ninguém sabia como Shiori sentia. Ninguém sabia o quanto era doloroso ficar faminto até perder a sanidade. — Então cacei alguns lobos...

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A primeira reação de Shiro foi, ligeiramente, arquear a sobrancelha em ligeira surpresa — caçar? Era por isso que ele tinha desembainhado a espada? Não era como se fosse mentira. Seu Sharingan detectaria e Shiori, ainda mais íntegro e claro com Shiro, jamais o faria. Mas tinha algo de estranho ali, e o mais velho conseguia sentir. Conseguia ver na reação envergonhada de Shiori; se somente estava caçando, qual era o motivo da vergonha? Ele não tinha o que esconder. Certo?

Fome… — disse ele, como se estivesse tentando pintar o cenário mórbido em sua cabeça. Nem seu Sharingan conseguiu prever uma resposta tão estranha. — Fome. — A máscara, que estava em mãos, foi guardada dentro de seu sobretudo, enquanto o Uchiha parecia refletir um pouco.

Shiori estava cada vez mais diferente. Shiro entendia dos sacrifícios que tinha de fazer, provavelmente, mais do que qualquer um, mas isso não significava que concordava plenamente. Afinal, o poder era perigoso… ele já perdeu seu irmão uma vez. A ideia disso acontecer novamente, obviamente, não lhe agradava em nada.
Assentiu positivamente, como se estivesse entendido. De toda forma, em momento algum tirava os olhos de Shiori e sua lâmina.

Essa lâmina não foi feita pra caçar lobos, foi feita pro combate, você sabe disso. Eu não quero você usando ela pra isso. — apesar de parecer severo e ríspido, Shiori sabia que o seu irmão não estava tentando o dar uma bronca, nem nada do tipo. Estava somente tomando cuidado; a sua assinatura estava cada vez mais parecida com a dela. Ele conseguia sentir. Ninguém poderia prever o que aconteceria se isso continuasse.




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Shiori sentia-se mais desconfortável conforme os segundos se passavam. Conseguia ver, no fundo da sua mente, Kagutsuchi divertindo-se com a situação. Provavelmente Shiro preferiria que não usasse mais a espada, mas Shiori não podia mais deixá-la; não apenas pela própria segurança, mas decidira que jamais deixaria qualquer pessoa sucumbir como ele. Levaria Kagutsuchi consigo para o túmulo. Shiro parecia ponderar, mas logo a dura resposta chegou e, infelizmente, ele tinha completa razão. Shiori mordeu o lábio, incerto sobre como continuar.

O Uchiha mais novo sabia mais do que ninguém que Kagutsuchi era feita apenas para o combate; aprendeu isso da pior maneira. Entretanto, suas condições o obrigavam a fazer o que fizera com aqueles pobres animais. Se tivesse que matar pessoas apenas para alimenta-la, jogaria fora o resto da humanidade que tinha dentro de si. Shiori faria qualquer coisa que seu irmão mandasse, mas daquela ver teria que negar o seu pedido.

Eu não posso — negou, sem desviar o olhar de Shiro. — Kagutsuchi e eu temos um contrato. Se eu não der sangue para ela, eu fico faminto. Se eu ignorar isso, eu tenho medo de... — desviou o olhar. O quão baixo havia caído? Havia entregado a própria vida para um demônio selado, e agora tinha medo de perder o controle e ser possuído. Mesmo assim, pediu por poder, e agora o tinha. Faria qualquer coisa para proteger aqueles que eram próximos, então não se arrependia. — Eu estou sob controle.

De certa forma, era verdade. Apesar de ter assimilado muito de Kagutsuchi na própria personalidade, Shiori ainda conseguiu, de certa forma, mantê-lo controlado. O Uchiha era conhecido por ter acessos de raiva durante seus combates, mas todos eram direcionados aos seus inimigos, afinal, tinha de liquida-los para manter os seus a salvo. Entretanto, tais momentos diminuíram muito nos últimos tempos, mantendo-se calmo em batalha (mesmo que a vontade assassina continue da mesma forma).

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A guerra fazia com que muitas pessoas tomassem atitudes que nunca tomariam em suas vidas, fariam coisas cruéis ou até mesmo matariam para garantir a sua sobrevivência e daqueles que ama. A manipulação era evidente em qualquer lugar que fosse, poderia ver pessoas que acreditavam em um futuro de paz caso proseguissem naquele caminho na qual lhe fora “indicado”, e era triste de ver que não havia como mudar isso, os poucos nunca conseguiriam ter o seu lugar já que a grande maioria acredita apenas na única verdade dita por um superior, mas com pequenos gestos e tempo, se pode conquistar um espaço e aos poucos ter o direito de novamente ser ouvido pela maioria. A traição em meio a guerra era inaceitável e a pena era a morte, mas pode alguém ser considerado traidor por algo que nunca pensou em realizar? Foi dessa forma que Amane se sentiu ao receber a notícia e ser sentenciada à morte.

Ainda se lembrava das palavras de Gamaken sobre a guerra pouco antes de conseguir seu contrato, ele mesmo detestava lutar sem um motivo ou mesmo de lutar na guerra, o fato de ser visto como uma arma deixava o grande sapo magenta insatisfeito e não iria conceder seu contrato a mais um interesseiro, porém com Amane foi diferente, foi visto na garota uma empatia e a possibilidade da formação de um vínculo, que foi fortalecido com o passar dos anos, e permitindo que ambos pudessem se desenvolver e melhorar suas técnicas juntos, até que estivessem em perfeita sincronia. Isso também possibilitou à albina o aprendizado de algo totalmente novo, ensinado pelo próprio Gamaken, pôde ter o acesso e o domínio ao Senjutsu.

Todos os dias buscava entrar em sintonia com a natureza, pois somente assim poderia absorver essa energia e utilizá-la em momentos estritos, sem exageros e apenas para o bem, nunca para o benefício próprio, e nunca visto como uma arma, sendo as mesmas condições para que Amane pudesse ter o contrato de Gamaken. Quando se utilizava de tal técnica, pode se notar algumas características de que o Senjutsu estava ativo: olhos semelhantes a de um sapo e as marcas em seu rosto eram avermelhadas e se encontravam ao redor de seus olhos.

Mesmo tendo aprendido tudo o que era necessário sobre o Senjutsu, era sempre necessário tirar um momento a sós para apenas sentir a Energia Natural, e a meditação nesse ponto era importante, se conectar com a natureza e ser como uma, estar sempre melhorando cada vez mais para proteger aquilo que acredita e as pessoas que ama.

Estava em uma região mais afastada, podia ouvir as vozes ao fundo, mas nada que não pudesse atrapalhar, sentada sobre a grama com as pernas cruzadas, as mãos sobre os joelhos, a máscara estava sob seu colo, mantinha sua postura ereta e os olhos estavam fechados. Respirava suavemente enquanto a meditação acontecia, podia sentir a brisa do vento bater em seu rosto, aos poucos se sentia conectada com a natureza e também que a Energia Natural aos poucos era absorvida por seu corpo, porém como não desejava deixar acumulado, aos poucos foi continuando apenas com a meditação e focando em outras coisas, e sua conexão com a natureza ia ficando mais fraca. Era importante para ela buscar um pouco de tranquilidade em meio a tempos agitados, ter a cabeça no lugar era a melhor coisa que poderia fazer.

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Diferentes de antes, a expressão de Shiro permaneceu bem mais pesada, ao invés de surpresa. Dessa vez, o que o mais novo lhe disse não o surpreendia em nada; na verdade era com isso que estava contando, e era justamente o que o preocupava tanto a despeito dessa espada. Era que ele não conseguisse parar mais após provar da sensação de poder.
Novamente ele assentiu a cabeça, como se estivesse entendendo o que estava acontecendo, ao mesmo tempo que dando alguma pausa. Shiro parecia selecionar bem suas palavras antes de proferí-las, e por isso, elas saíam tão bem.

Irmão, você sabe me dizer a diferença entre um cavalo e um rei? Eu não quero dizer algo óbvio, como características físicas. Como o Rei é quem controla o cavalo, se o cavalo é mais forte? — não era uma pergunta que exigia resposta, de toda forma, só uma comparação. — Instinto. Controle. Inteligência. O Rei tem a inteligência necessária pra ter controle sobre o cavalo. Conter os seus instintos. Não o contrário, pois o cavalo não é nada sem seu cavaleiro.

Após uma breve pausa, Shiro tornou a falar, sem tirar o olhar de seu irmão mais novo.
O que eu quero dizer é que… eu entendo. O que faz é por nós, e sou eternamente grato. Eu o amo, e faria, ou melhor, também faço tudo pra te proteger. É por isso que, no momento em que eu suspeitar de que essa espada está deixando de ser ferramenta, e virando o rei, eu vou queimá-la. Pro seu bem.

O discurso era pesado, mas o Uchiha tem certeza de que o mais novo entenderia. Estava pondo, afinal de contas, a sua confiança nele de que conseguia dominar os instintos assassinos ao menos da espada; mas queria esclarecer, também, que estava de olhos bem abertos. Ele também fazia questão de deixar claro o desprezo que sentia por ela, no sentido de vê-la só como uma ferramenta — mas estava certo disso. Kagutsuchi nunca seria mais importante e valiosa que o seu irmão, a única coisa que o impedia de jogá-la em uma vala qualquer.

Acreditamos em você. Eu confio em você. Então seja um rei, e nada menos do que isso. Esse é o seu trato de sangue comigo.

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Desde muito pequeno, mesmo sem qualquer um lhe ensinar, Shiori sabia que devia que devja ouvir e seguir o seu irmão. Não apenas por ele ser o mais velho, mas porque Shiro era alguém que valia a pena ser seguido. Era sábio e sempre sabia o que dizer no momento certo; suas ações, através dos anos, apenas reforçavam o quanto era alguém que merecia o seu olhar. Independente do que fosse, Shiori o observava com mais atenção do que a qualquer um.

Apesar de tom calmo, Shiori conseguia compreender o tom das suas palavras, além de conseguir ver-se em meio à analogia proposta pelo mais velho. Desde que, imprudentemente, aceitara Kagutsuchi dentro de si, Shiori via-se em uma luta constante para não perder a si mesmo. O seu jeito de ser e as próprias projeções para o futuro haviam sido infectados pelo desejo de Kagutsuchi. Em certo momento, percebeu que havia crescido num homem cruel e impiedoso, tomado pela sede de sangue. Entretanto, não queria mais ser assim. Lembrara o quanto a vida era preciosa e, mais do que tudo, queria voltar a protege-la como sonhava quando criança. Não perderia para Kagutsuchi em momento algum.

Mesmo que, apesar dos contras, tivesse se afeiçado, de certa forma, à espada, Shiori sentiu-se feliz pelas palavras de Shiro. Tinha tanto medo de perder o controle, e certamente faria de tudo para que não acontecesse, mas esquecera de que na luta contra o desejo de Kagutsuchi, Shiori não estava sozinho. Erguia-se e mantinha a sua vontade forte graças a Shiro e seus amigos. Nada poderia derrota-lo desde tivesse todos eles ao seu lado. Shiori não falou nada até seu irmão acabar. O tom de Shiro era pesado, mas podia sentir a preocupação em cada palavra. O mais novo sentiu o seu peito esquentar um pouco enquanto um sorriso surgia nos lábios finos.

Você não costuma dizer que me ama com frequência, está se sentindo carente hoje? — brincou, apesar de também não costumar dizer o mesmo. Desde que Shiro perdeu a audição, Shiori acreditava que as palavras haviam perdido um pouco de sentido, até porque, nunca fora bom com elas. — Eu não vou te decepcionar, onii-sama. Eu mudei muito nos últimos anos. Kagutsuchi realmente me influenciou a ponto de me tornar alguém completamente diferente, mas... desde que eu conheci Haruhiko, eu lembrei quem eu era e gostaria de ser. Eu não vou deixar Kagutsuchi me dominar. Seria um insulto à toda confiança que vocês me dão, apesar de todo o mal que eu já causei a tanta gente...

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