Ninjas Gaiden ETERNAL
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RPG de Naruto 10/10


País das Ondas

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O entardecer chegava conforme as horas passavam rapidamente. Para Shiro, a manhã passou em um breve piscar de olhos, talvez por conta de sua ansiosidade a respeito dos "eventos" de hoje. De toda forma, mais rápido do que realmente podia notar, lá estava ele, junto de seu grupo e caminhando por entre as ruas do país das ondas
A pequena vila era ainda mais bonita sob a luz forte do sol. Não haviam muito mais do que civis passeando passeando pelas ruas, em suas rotinas — afinal, diferente de grandes vilas ninjas, aquela nação não havia sua própria força shinobi. Nas circunstâncias atuais, não precisavam se preocupar, apesar de claramente terem a atenção redobrada.

Shiro caminhou em meio aos civis, casualmente. Com as mãos nos bolsos e sem a sua típica máscara, era um dos poucos momentos em que podia ser visto sem o seu dojutsu ativado, afinal chamaria muita atenção indesejada.
De toda forma, ainda estava atento aos comentários de seus companheiros, mesmo com os olhos focados mais no caminho. Com o tempo, havia ficado mais fácil, até porque não podia demonstrar suas fraquezas.

Acho que tem um bom restaurante ali, na esquina.

Gesticulou com as mãos após tirá-las dos bolsos, sem dizer uma palavra com a boca, após ver os comentários sobre o desjejum.
Certamente, Shiro já conhecia bem o lugar em que estavam, por cada canto, rua, beco ou seja lá o que mais. Não era uma vila tão grande assim para ser difícil de memorizar seus pontos mais interessantes, principalmente para se misturarem pela multidão. Era o mais adequado no momento.

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Era ótimo poder agir como um jovem normal, para variar. Quando olhava para trás, o que fazia com mais frequência do que gostaria, Shiori sinceramente não sabia dizer o que havia acontecido com a sua juventude; a guerra havia tragado tudo o que conhecia. Era como se já tivesse nascido no campo de batalha. Seu único objetivo: matar até não sobrar nenhum inimigo. Percebendo os pensamentos que tomavam a sua mente, Shiori respirou fundo e tentou focar-se no momento. Seus sentimentos eram sempre tão instáveis. Podia estar perfeitamente bem em um momento, mas bastava apenas um pensamento ruim para que uma enxurrada de emoções conflitantes o tomassem. Sinceramente, não sabia como seus amigos o suportavam.

Ah, seria ótimo. Faz anos que não vejo um — concordou com Arisu, se aproximando mais da amiga ao sentir ela entrelaçando o braço ao seu. Esperava que esta não percebesse que, repentinamente, sua amimação havia decaído. — Certo, vamos nesse então, onii-sama!

Escolhendo um lugar espaçoso o suficiente para os cinco, fizeram os seus pedidos e puseram-se a esperar. Quem os olhasse naquele momento provavelmente pensariam que eram apenas cinco jovens curtindo a noite; graças aos pergaminhos, conseguiam guardar todas as armas e outros equipamentos que indicavam que eram ninjas. Mal sabiam que aqueles cinco jovens inocentes estavam tão fortemente armados quanto um exército.

Shiori olhou em volta. Observando os outros quatro sentados a mesa, todos em silêncio. Sentiu-se um tanto desconfortável. Mesmo antes de terem de abandonar o País do Fogo, eram um estranho grupo de jovens. Haviam sacrificado muitas coisas apenas para sobreviverem e as marcas eram tantas que jamais conseguiriam mudar a si próprios. Haviam deixado de serem pessoas para se tornarem ferramentas, armas de guerra. Pelo menos, era assim que Shiori se sentia desde criança: apenas uma arma feita para destruir vidas. Mesmo que tentasse, jamais seria um jovem normal, que se alegrava com coisas do cotidiano ou que simplesmente conversava com os seus amigos. Era um mundo completamente diferente ao que Uchiha Shiori vivia.

Eu... er... — começou, incerto sobre o que deveria dizer. — Espero que o Kyocchi esteja bem. Ele já está crescido, mas eu ainda fico preocupado... é estranho ter um irmão mais novo.

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Então vamos! — Apesar da melhor tentativa de Shiori de esconder o que estava sentindo, a médica o conhecia suficientemente bem para saber que o rapaz já não estava mais tão feliz quanto antes. De certa forma, era como se os dois se conhecessem bem o suficiente para entender até mesmos as palavras não ditas. Por isso, no final das contas, apertou-o suavemente o braço, soltando um sorriso carinhoso — Seria mesmo. Mas, nós sequer temos uma yukata... — Comentou, enquanto continuava o caminho para o restaurante sugerido por Shiro. Sentia-se idiota por ter o coração acelerado só pelo simples fato do rapaz gesticular as palavras. Acabou por esfregar o rosto suavemente, voltando os olhos azuis para a frente, seguindo com Shiori.

Observar as pessoas da Vila era um pouco estranho. Mesmo que naquele momento se camuflassem perfeitamente entre os demais, no próprio coração e na mente, sabia que não eram. Um sorriso triste pintou os lábios da Chinoike, que discretamente abaixou a cabeça para a mesa onde estavam sentados, o indicador desenhando formatos aleatórios no móvel, uma tentativa da garota de fugir dos pensamentos idiotas que estava tendo, e também, de evitar contato visual com todo o resto do mundo. A sensação de estar deslocada era algo muito presente no peito da menina, no final das contas. Preferia manter a cabeça baixa enquanto o silêncio reinava na mesa do quinteto.

Você ensinou ele bem, Shio-chan. — Respondeu automática, levando a mesma mão que estava apoiada na mesa aos cabelos do mais novo — Também fico preocupada, na realidade. — Pensou alto, apoiando o queixo no cotovelo. Os olhos logo vagaram para algum ponto aleatório na parede.

Era tão difícil ser normal.

Última edição por Chinoike Arisu em Sáb Abr 11, 2020 12:39 am, editado 1 vez(es)

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O grupo adentrou ao recinto sugerido por Shiro, um restaurante local que servia dos mais variados tipos de pratos e bebidas. Ele era o mais visitado por ali, e pessoas de todo tipo apareciam no local, afinal, era um dos pontos mais interessantes da cidade — as bebidas exóticas chamavam a atenção, tal como a comida, não mais encontrada em nenhum lugar e rica em frutos do mar. Ele não estava particularmente interessado em nada disso, mas se quisessem se passar por simples jovens procurando um bom lugar para ficar, provavelmente essa seria a primeira opção.
Shiro escolheu um assento qualquer, fazendo o seu pedido após analisar o cardápio disponibilizado. Para aguardar a chegada do prato, pediu, também, uma bebida típica destilada, a qual, em uma mistura bem específica, acabava acentuando o seu teor alcoólico e sabor amadeirado.

O rapaz não falou tanto assim por algum tempo. Não tinha exatamente algum assunto para comentar, e também, nem mesmo queria. Os assuntos dos quais ele queria tratar eram outros, mas… de toda forma.
Um leve sorriso se desenhou em seu rosto quando observou-os comentarem sobre Kyosuke; ele teria se animado caso soubesse que iriam para um restaurante.

Mas eu não…
Por incrível que pareça, brincou, falando a primeira vez claramente desde que haviam se reunido. Enquanto falava, observava o líquido marrom que havia acabado de chegar, servido em um recipiente que mais fazia-o parecer um chá.

Kyosuke tinha tornado-se mais importante do que Shiro jamais pensaria. A sua intenção no início era somente dar um lar para ele, para que conseguisse conseguir seu auto-sustento, longe dos campos de batalha. Acabara que, hoje, era um importante aliado e um aprendiz muito obstinado do próprio Shiro. Era um garoto promissor… seu irmão mais velho teria se enchido de orgulho, certamente.

Levou a bebida até os lábios, degustando-a de forma adequada. Ele não mostrou nenhuma reação notável, somente ficando a observá-la enquanto compreendia aquela mistura de sabores.
Após um curto instante, respirou fundo, botando a xícara na mesa e disfarçadamente empurrando na direção de Fubuki — ele não tinha gostado. Bebida destilada era o seu forte, mas essa tinha gosto exótico até demais. O exótico nem sempre era bom. Na verdade raramente.

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O Uchiha aproveitou a carícia em seus cabelos, rindo baixo após o comentário de seu irmão sobre Kyosuke. De alguma forma, talvez estivessem fazendo algum progresso, mas ainda era difícil. Shiori sempre se sentia deslocado enquanto não estivesse empunhando uma espada ou cuspindo fogo em um alvo.

Se tivermos tempo, vou comprar algo para ele — afirmou, apesar de incerto sobre como seria à partir dali.

Nos últimos tempos, as viagens que faziam podiam durar de dias à semanas, dependendo dos trabalhos que escolhessem fazer. Às vezes, iam em grupo, mas quase sempre os faziam separados. De certa forma, preferia fazê-los sozinho quando assassinato era necessário. Era um pouco mais tranquilizante não ter as pessoas que amava o observando realizar algo tão hediondo quanto tirar a vida de alguém, mesmo que já o tivessem visto em inúmeras outras ocasiões antes de desertarem.

Um sorriso apareceu em seu rosto quando o sake finalmente lhe foi entregue. O Uchiha nem mesmo hesitou em tragar da bebida alcoólica. Sinceramente, queria beber até esquecer dos seus problemas, mas sabia que o seu irmão desaprovaria, principalmente antes de partirem. Apesar de falhar continuamente, Shiori se esforçava ao máximo para cumprir as expectativas do seu irmão mais velho, mesmo que este pegasse mais leve consigo do que com os outros. Não queria ser um fardo, nem para Shiro, nem para nenhum de seus amigos, apesar de acreditar que a própria existência já era um erro e um estorvo.

Espero que da próxima vez possamos aproveitar a praia — comentou, antes de beber mais um gole de sake.

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De alguma forma, pelo menos aos olhos de Arisu, o momento estava ficando mais leve. Até mesmo o Uchiha mais velho havia se pronunciado numa brincadeira, fazendo com que uma risada escapasse dos lábios da jovem iryo. Por um momento, parou para pensar sobre aquilo: Kyosuke, na realidade, acabara meio que virando querido para ela, também, afinal, ele sempre estava lá. A princípio, o único contato que havia tido com o rapaz havia sido no momento mais difícil de sua vida: o momento em que o irmão de sangue havia se descontrolado, e juntos tiveram de pará-lo. Após isso, sinceramente, não havia convivido muito com o rapaz até o momento em que desertaram. Mordeu o lábio inferior, inclinando a cabeça e soltando um suspiro. Daquele dia em diante, muitas coisas inesperadas havia acontecido, de fato. Ainda divagava sobre isso quando a bebida finalmente chegara na mesa. No segundo que ergueu o copo para propor um brinde com Shiori, o mesmo já estava engolindo o líquido.

Yah! Shio-chan! — Falou, um suave tom de falsa indignação na fala. Logo, uma risada baixa veio e finalmente pôs-se a bebericar do líquido amargo. Descia quente pela garganta, quase rasgando. Apesar disso, era uma sensação boa. Boa o suficiente para que elevasse o humor da garota. Só, de certa forma, não esperava que o saquê dali fosse tão forte a ponto de criá-la a coragem de erguer os olhos azuis demais da mesa, lançando-os de forma nada discreta para cima de uma figura muito específica na mesa. As sobrancelhas se franziram, e logo, voltou o rosto para Amane, agarrando-a as bochechas — Você está muito quieta. O que houve? — Perguntou inquisidora, em tom baixo, porém. Nos últimos dias, uma agitação angustiante consumia-a o coração. Era como se em qualquer momento fosse se encontrar sozinha no mundo, e aquilo deixava-a agitada. Levou novamente o copo à boca, os lábios sorvendo o álcool com gosto.

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O silêncio era um sinal de tranquilidade, algo raro em meio à guerra, eram poucos os momentos que você poderia encontrar essa paz, mesmo que pequena, era mais que o suficiente para refletir e pensar sobre o que vieram fazendo desde então, tudo o que passaram foi para chegar ao momento no qual Amane estava hoje, lutando pelo fim da guerra e da opressão das vilas menores. Nada era justo, por isso estava na hora da justiça ser feita. Abriu os olhos, sua meditação havia chegado ao fim. Uma ave negra estava logo à frente da albina, era um chamado, deviam se reunir e prosseguirem.

— Hora de partir! — dizia para si mesma enquanto levantava e tratava de seguir o corvo e se reunir com os demais.

A albina acompanhava todos em silêncio, mesmo assim conseguiu estampar um sorriso em seu rosto ao ver que todos ali estavam com fome, uma boa comida e bebida seriam mais do que suficiente para aquele grupo — muita bebida.

Mesmo com a variedade de bebidas apresentada no cardápio, optou pelo saquê, não conseguia deixar de apreciar a bebida típica, ainda mais com todos reunidos ali, a garrafa estava sob a mesa, sabendo que não seria a única a beber, mas que claramente conseguia beber a garrafa sozinha e ficar sóbria.

Os olhos avermelhados da garota estavam fixos no líquido, não prestava muita atenção no que conversavam, estava pensando em outras coisas quando sentiu suas bochechas sendo agarradas por Arisu levemente alterada pela bebida, não deixou de esboçar um sorriso ao ver como a amiga estava.

— Nada importante. — e realmente não era nada. — Concordo Shiori-kun. — dizia virando todo o líquido que estava em seu massu.

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- Cinco... seis...

Desde que tinha consciência, o maior passatempo de Fubuki era observar. Observar as mudanças acarretadas pelo tempo, observar o ciclo natural da vida ou, mesmo, observar corvos sobrevoando os céus cerúleos do País das Ondas. As pedras lunares seladas em seus globos oculares não deixavam qualquer detalhe passar. Eles engoliam qualquer aspecto daquilo que estava sendo observado ao ponto que, ao fechar os olhos, o jovem Hyuuga era capaz de recriar perfeitamente a mesma paisagem em sua mente.

- São sete. Sete corvos.

O ato de observar, entretanto, nem advinha somente dos olhos. A observação acontecia com o corpo todo, através de todos os seus sentidos. O tato recriava as sensações. A audição recriava os sons. O olfato recriava os odores. Já o paladar recriava o gosto do medo que já lhe era deveras familiar. Aprender a observar intensamente com o corpo todo fez com que Fubuki dependesse cada vez menos de seus olhos, de seu Byakugan. Dessa forma, menores eram as chances de sua observação falhar.

Como havia falhado, anos atrás.

Quando enviado em missões, a função mais recorrente atribuída a Fubuki era a de localizar, a de ver. A de observar. Seu Byakugan lhe concedia uma visão perfeita em quase 360º e quilômetros de extensão, então era obvio que o rapaz era o mais requisitado para o papel. Mas mesmo que todos contassem com ele, seus olhos falharam no que seria a batalha mais importante de sua vida. Masumi, que havia roubado a alma de Shiori, um de seus amigos mais queridos e irmão de seu melhor amigo, havia conseguido escapar. A Fubuki tinha sido atribuída aquela que talvez fosse a parte mais da missão: sequestrar Masumi e fazê-la devolver a alma do Uchiha mais novo. Entretanto, seus olhos brancos que tudo viam, naquele momento, viam somente a escuridão.

Apesar de tudo parecer extremamente nublado e distorcido para ele naquela manhã, o rapaz se lembrava com detalhes de tudo o que havia acontecido. De como viu seus amigos caírem, um por um. De como viu eles se levantarem e não se darem por vencido. Lembrava-se, claramente, de como o pânico adentrou suas veias e tomou posse de seu corpo quando perdeu Masumi de vista. Lembrava-se da sensação gélida que a lâmina da sua própria kunai causava em seu pescoço.

Ele se lembrava da vontade de morrer que rondava sua alma.

Após a destruição completa da vila nas mãos dos terríveis Caminhos de Gouki, a imagem que Fubuki mais arreceava-se havia se tornado realidade: todos os seus amigos esmagados, completamente derrotados nas mãos do inimigo. Havia lutado a sua vida toda para distanciar aquela imagem da realidade, mas mesmo assim... aconteceu. No fim das contas, graças a Garuda, sua fiel invocação, Fubuki era o único a estar de pé.

Ele tremia, ele sentia mais medo do que nunca havia sentido. Seu oponente tinha os poderes de um Deus. Mas mesmo com a sensação de morte em seu peito, mesmo com sua mente feita em estilhaços e mesmo que não se achasse o suficiente, Fubuki se pôs de pé, sozinho, encarando o exército de Caminhos de Gouki. Proteger aqueles que amava era mais importante do que sua própria vida e do que sua vontade de estar morto.

Sempre.

De cima de uma árvore em uma floresta do País das Ondas, Fubuki mantinha seus olhos fixos no céu, observando os corvos que pertenciam a Shiori. O som ríspido de uma kunai cortando o vento, mesmo que baixo, chamou-lhe a atenção. Mesmo sem vê-la, sabia de onde vinha e para onde estava indo. E não precisou mais do que um movimento com o braço que repousava sob sua testa para segurá-la pelo cabo, bloqueando seu avanço. Nem mesmo isso tirou seus olhos dos céus.

- Tá na lua, ô cabeça de vento?

A voz ríspida, porém idêntica a sua, de Atsuya finalmente fez com o caçula tirasse os olhos do céu e passasse-os para seu irmão. Ao olhá-lo de cima a baixo, perguntava- se em que momento de sua vida havia se acostumado com aquilo, se é que havia. Seu irmão reencarnara em seu próprio corpo. Não importava quantas vezes repetisse isso, a estranheza não diminuía em nada. Naquele momento, Atsuya possuía o corpo de um dos clones de Fubuki e levava em suas costas uma mochila farta de coisas. Seus amigos haviam pedido para que ele comprasse alguns mantimentos para seu mais novo "lar", mas Atsuya se voluntariou de imediato, o que causou uma estranheza em Fubuki.

- Você comprou só isso, Atsuya? - perguntou de forma tranquila e livre de julgamentos. Era apenas uma dúvida.

- Nah, isso aqui na mochila não dá nem pra uma semana. Eu comprei mais coisa, enfiei tudo em alguns pergaminhos. - o caçula saltou do alto da árvore, pousando delicadamente no chão, fazendo com que um dos braços se desprendesse de seu quimono branco e revelasse uma camiseta preta com detalhes em vermelho. Fubuki amava quimonos, enquanto Atsuya detestava. A forma que os dois encontraram para conciliar seus gostos em um só corpo havia sido aquela: um belo quimono sobre uma camisa de botões. A diferença entre eles era nítida, também. Atsuya deixava vários botões de sua camisa abertos, revelando o peitoral musculoso, enquanto Fubuki os mantinha fechados até o topo. Os cabelos de Fubuki deitavam-se sobre sua testa, enquanto os de Atsuya eram arrepiados para cima. A face de Fubuki era serena e sem muita expressão, já a de Atsuya era um misto de sentimentos intensos difíceis de se definir.

Mesmo que partilhassem o mesmo corpo e fossem gêmeos antes da morte de Atsuya, os dois eram extremamente diferentes em tudo. Coisa que o pai deles sempre fez questão de pontuar.

Assim que o pensamento de seu pai veio a cabeça, Fubuki afastou-a com força ao mesmo tempo que um dos corvos de Shiori se aproximava e pousava em seu braço.

Este homem trás maus presságios.

- Esse é o sinal, né não? Hora de encontrar a cambada. - Atsuya lançou a mochila para o irmão que a agarrou pela alça um pouco desastrado, desaparecendo em fumaça.

- Bem, vamos l...- as memórias de Atsuya enquanto em posse de seu clone atingiram sua mente. - ... eh!? - As bochechas de Fubuki se tornaram vermelhas. Atsuya havia flertado com algumas garotas e garotos da vila enquanto em posse do corpo de Fubuki. - ATSUYA![- Fubuki bradou no plano mental compartilhado pelos irmãos, mas ele havia se escondido em algum outro canto de sua mente. Fubuki suspirou, com as bochechas ainda rubras. Compartilhar aquele apartamento era complicado. Nos últimos anos, os irmãos estabeleceram algumas regras de convívio para otimizar aquela situação não familiar. Não flertar era uma das regras. Mas Atsuya tinha suas necessidades e nunca foi lá muito bom em seguir regras.

Quando se preparou para caminhar em encontro de seus amigos, algo chamou a atenção de Fubuki nos céus.

- Oh... eram oito.

A tarde passou como um lampejo, bastando um piscar de olhos para que Fubuki se encontrasse sentado ao redor de uma mesa junto de seus amigos. Sentou-se ao lado de Shiro e pediu apenas um chá. Nunca foi de beber, diferente do irmão que adorava o gosto do álcool. O mais velho sempre brincava dizendo que, se não fosse morrer no processo, beberia todo o álcool que se encontrava na cozinha. Aqueles de limpeza.

Sua bebida chegou um pouco antes das outras, mas mesmo assim esperou a de todos chegar para começar a beber. O silêncio entre eles não o incomodava mais. Fubuki sentia que cada momento que passava com seus amigos era especial e inesquecível. Por isso, ficava em silencio junto a eles e ria da mesma forma. Para ele, tudo era válido contanto que estivesse com eles.

- ... eh? - notou o copo que o Uchiha mais velho havia empurrado para sua frente. Seus olhos alternavam entre a bebida e o moreno, como se estivesse tentando desvendar o objetivo por trás daquilo. Podia sentir o cheiro de álcool mesmo a distância, o que o deixava zonzo. - Shiro-san, eu não bebo...- falou baixo em um tom quase infantil. Ergueu seu copo de chá e empurrou delicadamente o de Shiro para a pessoa ao seu lado na mesa, Amane.

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CAPÍTULO 01 — RESSURREIÇÃO

Mesmo que o grupo estivesse quieto e retraído, ainda eram grandes amigos, os quais haviam passado por inúmeras situações desesperadoras e superadas em conjunto. Mesmo tão marcados pela guerra, ainda agarravam-se uns aos outros para manterem-se firmes independente do que viesse. Um sorriso no novo rosto do Fantasma surgiu, enquanto este observava o cinco jovens pela janela do restaurante. Sem cerimônias, adentrou o estabelecimento e aproximou-se da mesa. Yurei, como era conhecido pelos cinco Nukenin, aparecia com uma nova aparência todas as vezes em que se encontravam. Uma vez, era uma velhinha que mal conseguia andar, em outra era um homem musculoso a ponto de dar medo casa vez que flexionava os braços. Não apenas a sua aparência, mas a personalidade também era sempre diferente. Hoje, era apenas um rapaz comum, tão notável quanto qualquer outro na rua.

País das Ondas - Página 3 YUREI

Boa noite, pessoal — disse ele, sentando-se na ponta da mesa. — Demorei muito?

Apesar de não saberem quem era a pessoa por trás dos vários disfarces, o Fantasma havia se tornado uma figura comum sempre que precisavam de informações. O homem era sempre muito preciso em tudo o que divulgava e lhes apontavam os melhores trabalhados a serem realizados dependendo do que e quanto buscavam. Era assustador e nem mesmo conseguiam imaginar o tamanho da teia de informações que aquela pessoa, que nem mesmo sabiam se era homem ou mulher, tecia. Por mais que peeguntassem, ele jamais respondia quaisquer questões sobre si mesmo ou seu trabalho.

Como estão hoje? Espero que muito bem — enquanto pedia por uma bebida, o rapaz fez um selo de mãos. Aparentemente, nada havia mudado no ambiente em volta, mas sabiam que era apenas uma precaução — assim, nenhuma palavra saía daquele pequeno espaço. — Tenho algumas informações que eu acredito que vão se interessar. Interessar. Se gostarão, ai já é outra história, considerando os seus históricos — disse. O que também poderia assustar era que aquele homem também conhecia, minuciosamente, detalhes sobre as vidas daqueles cinco criminosos. Se algum dia este resolvesse abrir o bico, estavam em apuros; mas de acordo com o próprio Fantasma, ele nunca vendia informações sobre seus clientes costumeiros. — Mas tem um custo, vocês sabem. Ah, obrigado — agradeceu assim que o garçom se aproximou com a bebida.

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Quando Fubuki finalmente abriu a boca, Shiro voltou o olhar pra ele, que empurrava a bebida para a garota ao invés de tomá-la. O olhar do Uchiha turnou entre o chá e o próprio garoto — como não tinha adivinhado isso antes? De toda forma, deu de ombros, voltando o olhar para a saída. Tinha agora de esperar a boa vontade de Yurei em aparecer, e...

Eu quero fumar. — resmungou. Claramente, Shiro não o faria em um restaurante fechado, então quanto menos Yurei demorasse, melhor.

Após algum tempo, um "estranho" finalmente surgiu, sentando-se à mesa e cumprimentando o grupo de forma bem casual e agradável. Obviamente, aquele ou aquela… Seja lá o que fosse, devia ser Yurei, o informante. Tinha a mania de sempre variar entre os extremos das mais diversificadas aparências, para não chamar a atenção e manter sua identidade um segredo.
Apesar disso, Shiro tinha alguns mecanismos para reconhecer o indivíduo, e não deixaria de usá-los para confirmar com quem estavam lidando. Apesar de não poder usar o sharingan no local para não chamar atenção indesejada, Shiro podia, e iria, trocar o chakra dele para o "modo-sensor" — assim, nada estranho passaria. De certo, aquele era Yurei, e teve certeza após tocar o dedo indicador de forma sutil na mesa de madeira. Era ele mesmo quem estavam esperando. Somente assentiu positivamente a cabeça, o cumprimentando e aguardando que começasse aquela estranha reunião.

O Uchiha observou atentamente seus comentários, basicamente ignorando-o no que dizia respeito ao "histórico"; ele não estava ali para analisar, isso, decidiriam após receber a informação. Ele sabia bem para quê estava ali.
E parecia chegar diretamente ao ponto. Após o indivíduo terminar a breve introdução no assunto, Shiro tateou o bolso de seu longo sobretudo negro, tirando um pacote com o pagamento e pondo sobre a mesa, sem entregá-lo, ainda. A mão ficou repousando sob o mesmo, enquanto ele, sem falar nada, somente aguardava uma resposta, fitando-o diretamente.

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