País do Vento - Sunagakure

Cada vez que voltava Hayato trazia menos suprimentos consigo, ele precisava ir cada vez mais longe para achar algo que valesse a pena carregar de volta para casa, até mesmo mercadores nas estradas haviam se tornado raros, talvez eles tenham se cansado de serem saqueados e os mercenários que podiam protegê-los cobravam mais do que a carga que carregavam. Suas esperanças estavam em achar plantas selvagens que fossem úteis de alguma forma e animais selvagens que pudessem ser caçados, ele carregava um arco e flechas consigo para este fim, a própria Hanako lhe ensinara a atirar e ele às vezes se gabava de ter se tornado tão bom quanto ela na arte do arqueirismo.
Sua bolsa estava cheia e com as medidas de racionamento definidas pelo grupo aquilo seria comida suficiente para alimentar os quatro por mais uma semana, isso caso mais bocas não se juntassem a eles.
Já havia anoitecido a muito tempo quando ele chegou em casa, ele fez seu caminho pelo alojamento até o quarto de Hanako e antes que abrisse o biombo ele viu na luz fraca o bilhete de Ryu que os convocava para um treinamento. Ele sempre se animava com esses treinos, ver todos juntos seria motivação suficiente para acordar cedo apesar do cansaço da viagem.
Dentro do quarto Hanako estava deitada a sua espera, ela a comprimentou ao entrar e deu um beijo em sua testa antes de tirar as roupas empoeiradas se deitar ao lado dela e caiu em sono profundo em seguida.
Hayato despertou com a voz de Ryu e Yata do lado de fora, o treinamento parecia já ter começado. Ele se levantou e foi para fora enquanto se espreguiçava, caminhando em direção ao som de seus companheiros. Ele parou próximo dali e se encostou numa árvore para olhar a luta dos dois, Hanako estava do outro lado com dois pássaros abatidos, sua cara era a típica expressão de uma mãe pronta para dar uma bronca mas essa logo se desfez ao vê-lo se espreitando ali perto.
Hayato olhou para o céu azul enquanto realizava seus selos de mão “é um ótimo dia para se refrescar - Suiton: Bakusui Shoha”. Uma tromba d'água se formou criando uma onda que avançou rápido contra Ryu e Yata pegando os dois no meio de seus movimentos e os carregando em direção às árvores. Hayato usou a mesma onda para chegar até Hanako onde parou suavemente ao seu lado para lhe dar um beijo.

“Então, o que é que temos para hoje?”

O garoto havia sido pego por aquela rede expansiva sem a mínima chance de escapar, seus músculos paralisaram, a respiração tornou-se dificultada. Assim como Ryu, havia sido pego por um elemento surpresa do qual não esperava nem um pouco que pudesse surtir. Ficou parado, enquanto sentia a água tentar lhe arrastar daquele ponto.

O "treino" amigável dos rapazes havia se tornado uma briga de ego, afinal. Yata se comportava como uma criança problemática mesmo tendo a idade de um adulto e Ryu mesmo tentando ser superior acabava cedendo às provocações esdrúxulas do outro. Hanako ignorava as palavras de Yata e os apelidos sem senso com um suspiro cansado como o de uma mãe solteira. Assim que começaram a trocar socos, a ruiva voltou sua atenção para os arredores, se distanciando um pouco em busca de algum animal selvagem para caçar. Após alguns minutos de observação silenciosa conseguiu abater mais um pássaro que por ali passava, já ajudaria com o almoço, com certeza.

Quando a ruiva voltou ao encontro dos dois, foi recebida com uma onda de água cobrindo o deserto e Hayato se encontrando ao lado dela lhe oferecendo um beijo na bochecha. Ela já não se surpreendia com o modo brusco do moreno em separar brigas, então apenas sorriu para ele em seguida retribuindo o beijo. Riu-se um pouco dos outros dois encharcados.

—Um pouco de água para acalmar os ânimos, vocês dois levam tudo muito a sério. — disse elevando o tom para que ambos a ouvissem, em seguida se voltou para Hayato —Para hoje temos dois pássaros mortos e dois pombinhos encharcados, tenho certeza que toda essa provocação algum dia vai dar em casamento.— falou a última parte baixinho rindo um pouco. — Mas bem, já que estamos todos aqui acho que devíamos começar aquela reunião, Ryu.— se referia à ideia que o rapaz havia comentado com ela noite passada —Depois podemos voltar a fazer vocês se colocarem nos seus devidos lugares.— referia-se a dar continuidade ao treino de forma debochada.

Ao contrário de Ryu, Yata gargalhou com a provocação de Hanako e ainda implementou: — Ele não faz meu tipo — cuspindo igualmente em exibição de desgosto. O calor em Suna havia aumentado consideravelmente se comparando à temperatura que fazia no alvorecer. O Totsuka fora forçado a amarrar o manto sob a cintura e retirar a máscara que utilizava, revelando os cabelos preto-arroxeados do garoto. Balançou-nos no ar e piscou para o Uzumaki — Eu sou o meu tipo — comentou, saltando dali para a tenda, aonde retornou com uma bolsa escura em suas costas.

— Eu coletei boas informações — disse o rapaz, sobrepondo a mochila sobre a mesa de madeira e desenrolando ali mesmo um grande mapa, acompanhado de uma pequena caderneta de anotações dos dias que passou em vigília. O mapa não só configurava locais de acesso a comida e moradia mas também pontuava as seguintes informações ditas por Yata: — Certo, eu descobri que a área fértil do país foi tomada por ninjas de Kizuna, na fronteira entre o Vento e o País dos Rios. Aparentemente estão extraindo grande parte dos suprimentos e a nossa crise está pouco a pouco se aumentando. Há um complexo de minas com metais preciosos que também foi dominado e estão utilizando como fonte para encaminhar do Deserto da Morte para Kizuna. Eu sinceramente recomendaria uma armadilha, deveríamos ir para aquela região e cessar essa extração. É o que nos resta!

- Manter esses lugares em boas condições é essencial, não nos adiantará de nada mais um campo destruído e assim que tomarmos conta vamos precisar garantir que as pessoas consigam se mudar para lá trazendo reforços. O lugar é um  ponto-chave, tenho certeza de que os inimigos virão tentar tomá-lo de volta.

Hayato juntou todas as provisões que eles tinham e começou a fazer o inventário, havia bastante para a viagem e mais o tempo que ficariam em Hoshi até terminarem os preparativos do plano de Ryu. As habilidades do grupo permitiam a eles lutar facilmente numa desvantagem de números e o deserto da morte seria um terreno falacioso para o inimigo, ao caírem em nossa armadilha o desespero seria sua perdição.

- Yata, vamos precisar de todas as informações que você conseguiu, você irá nos dizer onde vamos montar acampamento e ao chegar lá vamos começar a plantar o jardim da Hanako. Minha sugestão é sair durante a noite e descansar ao chegarmos lá. Quais são suas ordens Princesa escarlate? Hayato virou para Hanako e perguntou num tom divertido esperando sua aprovação.

A ruiva ouvia todo o plano com atenção e pensava nas possibilidades de algo dar errado ali enquanto eles estivessem fora. Após todas as considerações terem sido feitas decidiu se posicionar.

—Eu acredito que a tomada das terras férteis seja realmente necessária na situação escassa que nos encontramos então concordo com o plano de vocês. Quanto à armadilha, se quisermos ser discretos e não destruir tudo em volta eu sugiro utilizarmos de ataques furtivos mano a mano combinados aos jutsus ilusórios em massa, isso podem deixar comigo. Não podemos chamar atenção, precisamos conquistar o lugar sem causar muita destruição e sem levantar suspeitas imediatamente. Concordo com o ponto que Hayato levantou sobre ser um lugar que com certeza os inimigos tentarão recuperar e, por isso, não sei se é seguro mudar os civis para lá depois da conquista. Estamos parando muito para pensar em como prover para as pessoas mas não estamos pensando se quando voltarmos teremos alguma população aqui...Sabe-se lá quanto tempo demoraríamos nessa emboscada?! Me pergunto quem vai defendê-los? Ainda estarão vivos quando voltarmos? Não há chance de levá-los conosco em batalha então o que faríamos com essas pessoas?— parou um segundo para se recompor e abaixou a cabeça para o mapa —Do que vai adiantar todo esse tempo defendendo esse lugar se ele acabar sendo tomado? Se as pessoas daqui cederem ao inimigo? Todo o nosso trabalho vai ter sido em vão. Vocês são bons estrategistas de guerra, se conseguirem me falar um jeito de deixar todos aqui seguros até nosso retorno, eu vou participar do plano de ação. Caso contrário, me perdoem mas eu vou ter de ficar.— terminou endireitando as costas e olhando com veemência para os outros. —Bom, vamos almoçar que saco vazio não pára em pé, né?— disse se virando para ir começar a preparar as rações do dia.