País do Vento - Sunagakure

Shiori estranhou quando o grupo de shinobi da Areia se afastou, seguindo para a outra torre. Ainda não entendia exatamente o plano e por que queriam destruir todas as torres, então apenas seguiu a liderança de seu irmão e Fubuki, como sempre fizera. Enquanto atravessava o terreno irregular, tentava manter os seus sentimentos sob controle; não queria causar ainda mais problemas para os seus amigos por não conseguir manter as emoções no lugar. Lutava constantemente por isso, mesmo que fosse derrotado todos os dias.

Finalmente haviam se aproximado da grande muralha para poderem prosseguir com o plano. A máscara escondeu a careta no rosto do Uchiha quando Fubuki lhes avisou sobre os ninjas que vinham diretamente da Vila Mineira, graças aos avisos dados pelos guardas da passagem. Entretanto, o que mais o incomodou foi a resposta de Amane sobre isso.

— Não subestime nossos inimigos — retrucou, levemente irritado. Shiori possuía confiança nas habilidades dos seus companheiros, mas exageradamente poderia ser a sua ruína.

Visando a destruição da torre de vigilância no centro do vale, o Esquadrão Vermelho continuava avançando. Ainda utilizando da cortina de areia para manterem-se ocultos, deram início ao seu próximo plano, marcando com sucesso algumas flechas; já Hanako, usando da sua peculiar habilidade que combinava chakra explosivo com flores, conseguiu reerguer a cortina de areia, mesmo que de uma forma barulhenta e chamativa.

Utilizando a camuflagem, o grupo avançou ainda escoltado pelos muitos Shiro, conseguindo cobrir o restante que faltava em questão de segundos. Já estavam próximos o suficiente da muralha para seus ataques à longa distância, mas por causa da areia, não conseguiam ver claramente seus alvos; mas bastava apenas alguns passos ou poucos segundos para que deixassem a cobertura de areia.

SHINIGAMI

Passado um tempo desde que o tufão se desfizera, a cobertura de areia que mantinha os Shinigami ocultos dos guardas na torre dissipou-se, fazendo com que o grupo se tornasse visível sob a luz da lua. Enquanto avançavam, rodeados pelos clones de Shiro, podiam notar que os guardas haviam se aproximado da abertura para poderem visualizar as dezenas de ninjas que avançavam velozmente.

A torre em si não era muito grande, mas a sua altura ultrapassava cerca de dez metros da grande muralha. Não havia nenhuma abertura visível e o Byakugan apenas conseguia enxergar as escadas em seu interior. Era evidente que estavam preocupados com o ataque, principalmente pelo número de ninjas que o faziam.

Já o clone de barro de Shiro manteve-se o tempo inteiro escondido embaixo da terra. Sem quaisquer distrações ou obstáculos, navegou até a muralha e, sem dificuldades, penetrou nesta. Entretanto, foi a última coisa que fez; assim que entrou em contato com o chakra, este pareceu reagir ao clone e assim que o fez, sentiu uma imensa pressão em volta de si até ser completamente esmagado e voltar a ser terra.

Ao longe, os doze ninjas enviados da vila continuavam avançando, detectados pelo Byakugan, e estariam ali em minutos.

Quanto mais avançavam mais fácil se tornava para Hayato perceber os inimigos na torre. A cortina de poeira que encobria a chegada do grupo era uma faca de dois gumes já que também dificultava a visão que eles tinham do alvo. Assim que Hayato sentiu os ninjas da torre entrarem em sua zona de ação ele fez um leve gesto para Hanako tocando em seu ombro para que diminuíssem o ritmo ali e fazia gestos no ar, desenhando o quadrante da torre, para indicar a localização mais precisa dos inimigos para os colegas.
Àquela distância Hanako poderia acertar sem dificuldades e Yata saberia exatamente onde cada flecha estaria. As setas zuniram no ar cortando o cortina de poeira que se desfazia acima do grupo, Hayato já estava em posição para sacar sua espada, pronto para o embate.

Frente ao massivo exército que avançava contra a muralha já em atividade, o clone de barro era o que estava mais próximo. Suas intenções eram avançar para descobrir mais sobre sua estrutura, pois aquela técnica era um total abismo para ele — Shiro era um ninja poderoso em liberação elementar, e mesmo tendo descoberto seu domínio sobre liberação de terra há alguns anos, ele já tinha conhecimento sobre algumas técnicas variadas. Essa não estava no meio delas, e poderia ser um sério problema para o avanço deles. Infelizmente, não pode fazer tanto, já que a própria estrutura da técnica acabou o dissipando.

Felizmente essa informação passou pra todas as dezenas de clones do Uchiha, inclusive para o original, ao mesmo momento. Por mais que não fosse tanto, agora, poderiam ficar mais atentos com a muralha; o investimento na defesa era pesado.

— A muralha conseguiu absorver meu clone de barro. — falaram os clones, para os dois times divididos que avançavam para pontos diferentes, mas ainda tinham a muralha como um obstáculo. No momento, não ia intervir em nenhuma das ações dos times; por enquanto serviriam o propósito de cobertura e tão somente isso.

Acompanhava o avanço dos ninjas de guarda com uma pequena gota de suor escorregando pela face por baixo da máscara. Em poucos minutos estariam ali e eles não teriam outra alternativa se não lidar com uma muralha de poder inigualável e com um pequeno exército de ninjas que, julgando pelo pouco que havia visto até então, só poderiam ser poderosos.

- Estarão aqui em minutos.- alertou um pouco mais atônito, esperando que a notícia chegasse até o outro time. Ao mesmo tempo que seus olhos acompanhavam o avanço dos três grupos, acompanhava também a investida do clone de Shiro na muralha, percebendo ao mesmo tempo que o original quando a réplica foi dissipada. Pelo que havia visto com seu Byakugan, a técnica aplicava uma força de compressão ao entrar em contato com corpos externos, destruindo qualquer invasor. Não sabia dizer ao certo que tipo de efeito seria aplicado caso eles avançassem contra a muralha, mas havia visto o suficiente para não querer descobrir. Quando duas técnicas da mesma natureza elemental se confrontam, ganha aquela que possui a maior quantidade de chakra investida. Se possuem quantidades semelhantes, ambas se anulam. É um princípio chamado de "contrabalança". Para conseguir suprimir o poder do chakra de Shiro no clone daquela maneira, um poder monstruoso era necessário. Era assustador. Mas ao mesmo tempo, Fubuki determinou que precisavam de muita concentração para manter uma técnica daquele nível.

- Shometsu-san.- graças ao Byakugan, o rapaz conseguia determinar onde estava Shiori em meio a tantos clones de Shiori. O albino olhou na direção do amigo e encarou seus olhos, em um pedido mudo para que ele lhe colocasse em um Genjutsu. Dessa forma, com a mente conectada, o rapaz poderia partilhar sua ideia sem que perdessem tempo útil fora da ilusão. - Por favor!- pediu após o compartilhamento das ideias, já preparando um selo de mão solitário.

Sabia que já não estavam encobertos pela cortina de areia e, portanto, já haviam sido notados. Entretanto, o ataque que viria a seguir não poderia ser detectado. Ainda assim, precisava da ajuda de Shiori por garantia da segurança do time. Pediu ao Uchiha que fizesse seus corvos chamarem a atenção dos guardas pela abertura da torre, enquanto ele preparava mais um Fuuton: Tatsumaki. Ao sinal do de olhos rubros, Fubuki faria um pequeno furacão se materializar entre os dois guardas da torre, se expandindo contra eles. Pequeno, mas o suficiente para jogá-los contra as paredes forte o suficiente para causar um desmaio.

O Uchiha continuava quieto entre os muitos clones do seu irmão, observando atentamente o obstáculo de pedra que apenas crescia conforme se aproximavam. Shiori sentia-se pequeno diante de tamanha estrutura, mas sabia que a força dos Shinigami era muito maior. Não tinham qualquer outra opção além da vitória e isso o mantinha mesmo diante dos inimigos mais formidáveis.

Acenou com a cabeça quando Fubuki o chamou. De negro, seu único olho pintou-se de rubro, decorado com as três tomoes pretas; sem cerimônias, o Sharingan entrou em contato com Byakugan, em uma invasão à mente do Hyuuga. Se quisesse, podia invadir o subconsciente do amigo e descobrir tudo sobre ele, mas naquele momento, queria apenas compartilhar das ideias do seu senpai. Assim que entendeu o que ele queria, desfez a conexão e, por baixo do sobretudo negro, começou a agir.

Shiori levantou um pouco os braços, permitindo que a capa preta se abrisse e os vários corvos surgissem. Daquele jeito, parecia que os animais saíam das sombras do Uchiha, como se feitos do seu próprio corpo. Sem nenhum comando, as várias aves voaram através dos clones de Shiro, se espalhando até subirem aos céus, enfim rumando para o torre como pequenos torpedos pretos. Próximos da pequena entrada, começaram a grasnar e ameaçar arranhar os guardas, tentando chamar a sua atenção mas sem correr o risco de se machucarem.

Com o véu alaranjado lentamente se desfazia acima do grupo, revelando a sua posição, assim como a dos muitos clones de Uchiha Shiro. Assim que foram descobertos, os guardas puderam notar a presença destes, já mantendo-se em posição caso tentassem algo. Hanako, à frente do seu grupo, fez o primeiro movimento, retirando as flechas marcadas por Yata e, com precisão, disparou suas flechas contra a torre de pedra.

As setas perfuravam o ar com um leve zumbido, aproximando-se dos seus alvos com extrema velocidade. A primeira flecha atingiu a pedra, tendo a sorte de atingir uma pequena rachadura, enquanto a segundo apenas ricocheteou e caiu ao chão. Agora tinham a marca de Yata na torre e estavam prontos para prosseguir.

O time mascarado deu início ao movimento, finalmente tendo alcançado a muralha. Aquele primeiro obstáculo parecia ser muito mais complexo do que um simples muro, logo, a cautela se fazia necessária para o avanço do time sem que se prejudicassem de forma grave. Felizmente, após anos de colaboração e combates, a sincronia do grupo era inacreditável e sem precedentes — uma mera troca de olhares, alguns sinais, e cada um deles sabia o que fazer. Se complementavam quase como se fossem uma só entidade.

Foi assim que Shiori e Fubuki iniciaram o movimento, já não mais camuflados pela densa nuvem de areia. Os corvos saíram, crocitando no ar enquanto seguiram as indicações do seu invocador; Fubuki, por sua vez, realizava novamente a técnica característica com seu poderoso estilo vento. A combinação dos dois parecia até mesmo simples, buscando uma brecha ao longe enquanto não se arriscavam muito no momento.

Os corvos chamaram a atenção dos guardas, que não entendiam exatamente o que estava acontecendo para aquela súbita nuvem viva surgir assim. No entanto, somente quando o tufão apareceu que a estratégia realmente surgiu efeito, abalando momentaneamente os guardas presentes.
O Byakugan de Fubuki, tal como os Sharingan ativos, puderam notar uma substancial mudança na estrutura da muralha assim que um dos indivíduos foi momentaneamente atingido.

Uma parte considerável da muralha diminuira, em muito, a sua consistência de chakra. Rachaduras quase imperceptíveis se formaram em sua extremidade, como se ela não estivesse se sustentando tão bem quanto anteriormente — ainda assim, essa alteração aconteceu somente naquela área de muralha, indicando que a intromissão do grupo havia surtido efeito.

Era fácil concluir que o abalo fez com que um dos usuários da técnica acabasse perdendo a concentração, porém, ainda assim, os outros pontos da técnica estavam mais do que firmes, e aquilo não parecia ter sido o suficiente para derrotar as forças ali presentes. Restava continuar para saber se teriam tanta sorte assim.